segunda-feira, 14 de outubro de 2024

Somewhere over Amjstérd.

 

     A esperança é a última que morre, e também é bem verdade que tudo o que demora tende a ser melhor e mais duradouro. Comecei nessa jornada do herói com a Pendragon dia 5/9/2023, após pesquisar bastante sobre editoras e, mais especificamente, aquelas especializadas em fantasia. Já tinha também me passado o tempo de introdução (guardem bem essa palavra) e o receio de, finalmente, dar continuidade aos trabalhos.

     Em 6/10/2023, data em que fez muito calor aqui em B.H e eu já estava mais tranquilo com a notícia que não recebia, olhei no meu e-mail como quem não quer nada e lá estava a confirmação que queria; e também naquela manhã recebi um comunicado muito auspicioso sobre outra coisa relativa a trabalho, pelo WhatsApp. Tinha conseguido! Passado pela façanha de achar uma editora no Brasil (que a gente sabe que não é fácil), e... o mundo conheceria Amjstérd em um futuro mais próximo. =]

     Pensei em “tempo de introdução” logo atrás pois vejo esse processo de publicação de livro como uma jornada do herói, e comparando ainda mais com meu romance, a editora seria uma figura que me “guiaria” nessa minha saga, tal como um treinador ou treinadora.

     Aberto esse portal (rsrs, só depois de ter mesmo de colocar o título da obra que fui pensar em “crônicas”; tique próprio de sempre titular histórias no final), fechei um ciclo como os psicólogos falam e fui enfrentar novos desafios e monstros, criando o ‘roteirizar.ddf’ e ficando então mais por dentro de uma cultura literária, que desde sempre vi com hobby.

     Quem acompanha, sabe que muitas postagens não são específicas da obra e falo muito de outros livros e romances que me inspiraram e que tenho o prazer de conhecer. Não somente palavras escritas, mas também aventuras jogáveis, que vão desde contos, lendas ou estratégias e óticas que podemos tirar do jogo de xadrez, às motivações que sinto quando jogo os claros Pokémon, Magicka, Sorcery, passando pelo Hogwarts Legacy e indo para os mais sombrios, tipo Elden Ring e Dark Souls. Essas Literaturas que muitos hoje em dia cresceram também enfrenta seus particulares desafios, pois como foram criadas primeiramente para entretenimento não podem estar presentes em escolas e pesquisas de faculdade. Mas isso, como diria eu mesmo, é uma história para um outro dia. ... A gamificação já está introduzindo-se em contextos escolares! Desculpe, mas dei esse rolê todo para falar do último “livro jogável” que coloquei na lista. E essa é a deixa também, para enfrentar um necessário ponto meu e colocar o que vocês logo verão:

     (calmamente, ponho meu colar de girassol no pescoço)

     Esse objeto, para quem não sabe, é um indicativo de pessoa portadora de deficiência oculta. De nascença tenho essa condição, e a única coisa que sei mais a fundo sobre organelas citoplasmáticas devo ao fato, rsrs. Minhas mitocôndrias, que fazem respiração celular, vieram um pouco paradas e, tudo o que depende de músculo é mais demorado para mim. Andar, carregar mochila de estudante nas costas, equilíbrio e agilidade normais do desenvolvimento, .... Tive desde sempre de exercer minha paciência. E... era difícil e chato. Muitos finais de semana gastava repassando lições nos cadernos, na adolescência e seus anos finais não acostumava a sair e isso me fez uma pessoa mais caseira, e por aí vai... Agora, hoje, já aceito isso mais de boa, e opto pelo termo “condição”, pois felizmente não é regressivo. Estamos no mesmo mundo e faço desse parágrafo também um pedido de respeito e visibilidade para outras “condições adversativas diferentes e/ou fora do padrão” das outras pessoas, pois é também com a diferença que aprendemos. Voltando para meu quadro; fisioterapia, aulas de dança, canto, academia, ..., e estou me desenvolvendo nessa jornada do herói. Como disse em live, a gente se completa.

     E é aí que enxergo a importância de Dark Souls, especificamente o II, para minha vida. Iniciei minha odisseia em maio de 2.015, e, na mesma sexta-feira, morri nos chacais do Altar Encantado; monstros que de primeira não fazem nada com você. Falecia incontáveis vezes no tutorial e início, meu afã por novas aventuras me fazia criar vários characters, e... persistia no jogo, pois talvez aprendi com o meu passado a não desistir. O que estou gostando porém, tendo a enrolar, e só fui chegar ao castelo de Drangleic, tipo o final da primeira parte do jogo, no meio desse ano pra cá. Isso porque, como quem viu um story meu já sabe, encarei um grande desafio para mim de não morrer!

     ... É... não foi tão romântica essa história assim e tive de jogar com um morto-vivo para abrir as “portas da esperança”, e outras classes focando em diferentes atributos que jogo aos poucos, os quais estes ainda estão no início. E... tá sendo muito interessante! Porque inspirei uma personagem minha em alguém que poderia conhecer, jogava há muito com um clérigo que se certificaria que ela ficaria “presa” naquele universo, depois minha motivação com Harry Potter me fez visualizar alguns personagens lá, e mais contemporaneamente, jogo com dois characters chamados HOSAT (Criatura Divina), e até levei o Apolo Volman para a aventura, um esboço que seria um antecessor dele, e até mesmo eu no jogo. Vamos ver no que vai dar...

     Com o meu desenvolvimento, também me deparando com monstros e desafios às vezes até maiores, espelho em Dark Souls essa minha própria jornada. Por isso que gosto tanto do jogo, e já estou morrendo só por queda agora, olha que legal! Não fico mais tão apavorado com as coisas feias e o suspense na tela, e estou reformulando minhas estratégias... treinando a paciência quanto ao futuro e às incertezas.

     Recentemente os autores da editora, da qual eu faço parte desde outubro do ano passado, receberam uma notícia triste. Fiquei meio em dúvida sobre o emprego do verbo nessa frase, pois estou tratando de duas pessoas do discurso distintas; mas isso não passa de um leve erro gramatical, kk. O que, infelizmente, não é leve o que nós estamos passando! E, novamente, não somente os autores, como também quem contribui mais diretamente para manter a marca no mercado. Infelizmente também somos pessoas e é um exercício difícil não querer achar um culpado nessas horas, mas aqui uso os amsterdinj (ser ou criatura que nasce em Amjstérd) para continuar no trabalho acreditando que a culpa não é de ninguém em específico, e que o caso poderia ter sido diferente apenas com um pouco mais de administração. Usei Dark Souls também (apesar de, claro, não ser literatura...), e resolvi abrir a minha condição aqui, para tentar transmitir ideias de paciência e de persistência. Fatalmente, todos estamos sujeitos a nos deparar com provações e obstáculos ao longo da vida, e... dizem os Biólogos que lidar com bicho é mais fácil do que lidar com gente, ha-ha. São muitas vidas, e amplos passados envolvidos; não que nas criaturas também não se vejam (o que é um interessante e legal tópico de estudo em Amjstérd).

     Então, para quem chegou a adquirir Crônicas de Portais – Chegada à Amjstérd, agradeço imensamente a oportunidade e confiança de viajarmos juntos, a conhecer Terras e culturas para além dos portais! O site infelizmente está fora do ar e os exemplares não estão mais à venda. Ainda não sei quanto ao futuro dos livros e não quero me precipitar. Mas, há sempre um amanhã, e uma vez passado esse delay, essa “tela de loading” para continuar sempre nas comparações, torno a pedir a confiança e a sua ajuda para chegarmos à Amjstérd, seja por outras vias ou pela mesma renovada; conhecendo tramas inovadoras e nos maravilhando com personagens e histórias cativantes. Um romance para sonhar e se sentir bem, na esperança que devemos ter de dias melhores.

     Continuarei fazendo as minhas postagens no ‘roteirizar.ddf’ falando sobre Literatura e autores e autoras que fazem dessa uma super e implacável arte, tão companheira e necessária para todos nós. Aqui no blog seguirei no garimpo de textos e escritos do meu passado, ocasionalmente criando aventuras novas em um formato menor. O universo amsterdinj traz novidades também, e, tal como um jogo de mundo aberto, histórias se expandem nestas sequências.

     Por isso também que esse aprendiz-autor tem fascínio com lógica, objetividade, e pessoas sérias. Por outro lado, também acho que a vida por si só é “normal demais”, e têm de existir pessoas criativas e que fazem piada até com desgraça... Mas do mesmo jeito que não podem faltar gente “que vai direto ao ponto” e até aquelas com cara mais fechada e que dificilmente sorriem. É um absurdo... concordo com vocês. Mas somos humanos, com muitas vidas e amplos passados envolvidos; haveria de se equilibrar a balança de alguma forma.

     O acaso foi ocasionado pela casualidade casual da causa de uma falta de administração mais rígida. Já todo o resto: a capa, marketing, histórias e aprendizados compartilhados, revisão e diagramação, foram, como diriam os antigos, um bijú! Voltando porém, a culpa não é de ninguém em específico e eles não agiram de má fé para que se culminasse nesta causa causal acusativa casual ocasional de uma grande oração subordinada adversativa conclusiva final. A acordar todo dia e a desvendar os mistérios misteriosos desse misterioso, humano e motivador mistério chamado vida, seguimos. Pois, comparado ao final do texto também, a festa passa rápido; o melhor então é esperar. A gente é pequeno frente ao mundo; e esperamos cerca de sete meses pra nascer, uai. E como diz, dessa vez a música, quem acredita sempre alcança.   


                                                                                                Davi Dumont Farace.

                                                                                                2/10/2.024 - 10/10/2.024

sexta-feira, 30 de agosto de 2024

Personagens em busca de outros personagens.

 

Ando por aí querendo te encontrar.

Busco por você querendo entender,

Em cada esquina, paro em cada olhar.

a sua história, já vamos escrever.

Deixo a tristeza e trago a esperança em seu lugar.

Portais, me digam, a gente poderá se ver em Amjstérd?

Que o nosso amor pra sempre viva!

Que nossos romances sempre floresçam...

Minha dádiva!

Em nossas verdades!

Quero poder jurar que essa paixão jamais será...

E que essas Crônicas vejam a luz de um dia contribuir...

 

Palavras (...)

Histórias marcantes! Histórias, que se fazem! Histórias... Momentos!


                                   Davi Dumont Farace.

                                                              28/08/2024


Referência:

https://www.letras.mus.br/cassia-eller/44927/



sexta-feira, 23 de agosto de 2024

Eu não sei, só sei que foi assim...

 

Botando já essa carroça na frente dos bois, obrigado pela audiência! O que lerão hoje pode ser um primeiro capítulo de uma novela, que dei o titulo de "Eu não sei, só sei que foi assim". 

Não são capítulos para seguir uma sequência e você encontrará aqui textos independentes (com início, meio e fim no próprio texto) e um material de leitura ágil, que visa explicar algo pelas mais variadas variantes que variam por entre várias variedades. Entretenimento sem compromisso!

Ps: nesse texto em específico você encontrará um linguajar mais coloquial e sem muita rigidez gramatical. Mas, como diz o outro, o importante é comunicar. E "não sei, só sei que foi assim".


O cabrito que virou bode. 

   Era junho de 1970 no interior das Minas Gerais, no distrito de São Bernardo das Águas Verdes, que pertencia ao município de José Olímpio dos Lobos, onde nem todos possuíam energia elétrica...

   -Ernesto, dispois du sirviço quero que tu vai lá na casa do vizim e pega aquele cabritu qui u Mário incumendou pra hoje. O rasta-pé vai sê as seis e já qui nois ficamo de levar a “ceia”, temo que chegá lá cuá minha carruagi com mais o menos uma hora di anticidência!

   -Mais senhor... ispia o tempo! São Pedro tá bravo hoje, e mesmo assim se já parar de chover, aquela sua carroça não vai aguentar de lama... a gente pode até demorar mais no caminho e o cabrito esfriar. Eu acho mió...

   -Num acha nada, quem cocê pensa qui é pra mi dá ordi! Era só o que mi fartava... chispa, vai arrumá o feno e dá pros cavalo e esteja qui pronto às quatro i meia, temos que sair às cinco!

   Ernesto saiu em direção ao estábulo para tratar dos cavalos e Josué, seu patrão, ainda o ficou observando por dez minutos e foi rapidamente para a casa tomar seu banho. Josué não passava nem perto de ser um “bom patrão”. Era uma pessoa ranzinza e metódica. Tudo que ele pensava estar errado deveria ser consertado do jeito dele, ou caso contrário, era capaz de brigar com tudo e todos ao seu redor. Mário nem queria chamá-lo para a festa, mas resolveu convidá-lo, porque era final de copa do mundo e como ele era praticamente o único da região que dispunha de televisão em casa ficou com pena do pobre Josué perder aquele espetáculo.

   Passada uma hora, Ernesto já estava esperando seu patrão na porteira do sítio...

   -Vem rápido homi de Deus, eu tô com medo da chuva... Será que não é melhor a gente pegar carona no carro do vizinho?

   -Larga di sê beista sô, a minha possante dá conta di tudo!-  Josué bateu de leve com a mão direita na parte da frente da charrete e um dos nós que amarravam a lona da parte de traz quase arrebentou  -Agora vamo qui vamo! Vem, ôcê trabalhô muito e deixa qui eu tomo as rédia... Pó discansá.

   -Obrigado, mas acho que não dá porque essa estrada tá perigosa e piora se chover.  Ernesto continuava a falar calmamente ao lado do patrão.- Vamos fazer o seguinte, o senhor fica olhando o cabrito e deixa qui eu conduzo.

   Josué pensou e repensou por cinco minutos e depois da esperada bronca que o empregado levou o patrão rapidamente pegou as rédeas da charrete e ela começou a andar.

   São Pedro não dava descanso no céu e Ernesto já matutava como seria uma dificuldade cruzar aqueles 26 km de chuva e lama com o meio de transporte escolhido. Porém, agora só pensava em ajudar seu patrão a chegar são e salvo no arraial de Mário...

 

   O grande dono da festa já estava impaciente frente à porteira de madeira ao lado do jacarandá. Já eram quase seis e dez da noite e Josué ainda não tinha chegado.

   Sempre que podia, Mário tentava “levar o título” de fazendeiro mais amigo e companheiro da região. Já tinha até se candidatado ao cargo de presidente da Associação de Moradores do Campo, mas por ser uma pessoa meio que ignorante, todas às vezes perdia para D. Margarida, uma mulher culta, porém simples e de menos posses.

   -Patrão, não quero te amolar muito não, mas que horas o cabrito irá chegar? O jogo será as oito e meia, já confirmei pelo aparelho que a gente vê gente em uma caixa de vidro. Mas se o senhor quer fazer a quadrilha, é melhor andar rápido!

   -Por favor Luiz, me chame só de Mário! Não gosto de sê chamado de patrão.-  ele falou entre risos.-  Yerr, vamos preparar a quadrilha, essa copa deu certim cuá noiti di São João. Sabia que u Josué iria atrasar cuá encomenda...

   Os dois caminharam em direção ao centro da fazenda onde os convidados já estavam conversando despreocupadamente ao redor de um palanque coberto com forro azul. Passados dez minutos, Mário anunciou a quadrilha e rapidamente quatro meninas já começaram a buscar o par e puxar a grande roda. Dentro de pouco tempo, todos já estavam dançando.

   - A ponte quebrou!-  Maria, uma convidada com vestido de flores e um laço vermelho no cabelo falou ao alto falante. - Êta forró arretá di bom sô!... Oia a onça!

   -Filha, não tem onça na quadrilha.-  José, o pai de Maria berrou sentado à mesa do lado da fogueira.- Ah, é mió bebê quentão du qui ouvir essa fia falando...

   -Uai Pai, agora tem... Nessa quadrilha, se nu tivé trem a gente bota... i cumé qui ér pessoar?!?

   -Éééééééééééééééé!

  

   Distante do arraial, Josué continuava a brigar com Ernesto pela estrada afora. O patrão queria sempre bancar o sabichão da historia e somente depois que levou a charrete pelo caminho errado, deixou seu empregado conduzir um pouco.

   -Está vendo Seu Josué, se o senhor fosse guiando todo o tempo, nunca que íamos chegar ao arraial a tempo. Além do mais, ispia! A noite já vem chegando e esta estrada tá um breu. Reza pro seu cavalo ter uma ótima visão no escuro! Ai meu São João, já são seis e vinte e nóis ainda estamos a 8 km de distância da festa... e o Tornado, seu cavalo empacou! Pelo menos... qui bom qui a chuva não veio...

   -... Eu num falei cocê qui ela num ia sê beista de dar as caras hoje só pra istragá as festança do patrão? Para de se perrcupá homi di Deus, a gente vai chegar lá uma hora!... Ma... mais Ernesto, tu vai passar por aí? Diz que t... tem assombração!

   -Larga di sê besta, sô! Como num é "beista" que fala não, tem nada disso aqui... - o empregado agora imitava a fala e os gestos do patrão.- Não foi o sinhô mesmo que disse istrudia qui essas coisas não existi?- Ernesto falava, enquanto olhava sarcástica e misteriosamente para Josué. - Alto lá, alto lá, e alto lá... Se sou eu que tenho medo, por quais cargas d’água você já tá quase mixando nas calças? Há-há!

   -Arrrto lá digo eu! Impregadinho beista sô... Ouvi um cau...causo que istru...istrudia a Rosinha ta...tava p...passando por e...es...essas bandas a noite...

   -Já sei... a patroa tava passando e uma das “cabeças fantasma” da estrada começou a murgir e correr atrás da coitada... – Ernesto mudou repentinamente a voz para um tom macabro e rouco. – e depois, Rosa nunca mais foi vista... Há-há-há-há-há!

   -Paaaaaaaaaaaaaaara homi, tá me ass...assussustano cada vez mais! E fala baixo... você não sabi si os ispíritu tão com rávia de alguém... já eu nem quero saber mais de Rosinha, eu só não que...quero ir lá p...pra discub...brí. Só sei que foi assim.

   Logo a sua frente, na curva da estrada surgiu uma enorme cabeça branca flutuando como se fosse uma vaca sem corpo.

   -Vixi! Virgi Maria Pai nosso das Água Verdi - diz Josué apavorado. - Que é isso homi de Deus? Já ouvi falar em mula sem cabeça, mas vaca sem corpo nem sabia.     

 

   -É clara a fúria dos espíritos desta estrada, podemos ver pelos seus olhos! - o outro continuou a brincar com a cara do patrão durante um tempo, depois pegou uma lanterna na charrete e corajosamente desceu para ver de perto a “assombração”. - Ah não patrão, a vaca me pegou... - e... iluminou o resto do animal. - Larga di sê beista o sinhozinho! Seres ruminantes ruminam sempre em seus caminhos ruminatórios. Li essas frasi elaborada num livru de suspense certa veis... Sua cara... Vixi digo eu. Vô te ispricá. - e mais uma vez imitou a voz de Josué. - Estava já tudo escuro e o corpo desse ruminanti é preto, por isso a cabeça estava flutuando! Ela teria conseguido te impidí de chegar nas festa, não fosse teu trabalhador responsaver que tá aqui.

   O empregado parou, riu um pouco da cara do patrão e depois voltou para a charrete. Finalmente o cavalo resolveu andar de novo e os dois ficaram quietos sem se falar. Mas depois passaram 30 minutos e Josué quebrou o silêncio, perguntando com voz de menino que se redimia para Ernesto:

   -Então vamos falar agora sobre u “ruminá”, me insina a falar como cês fala. Vamos lá... Eu rumino... e depois?

   -Ô meu Pai das Águas Verdes, eu mereço esse trem que não sabe nem falar direito. - e olhando com pena para seu patrão, falou rapidamente. - Só te ensino se tu me pedir desculpa por tudo.

   Os dois finalmente fizeram as pazes. Ernesto sabia que pela cabeça teimosa de Josué, aquele momento de calmaria iria durar pouco tempo e resolveu curti-lo ao máximo.

 

    -Ah, meu cumpadi Josué... que bom que chegou! Como tem passado Ernesto? Se meu amigo judiar de você nessa colheita, pode vir trabalhar aqui comigo...

   -Sempre engraçado você, não é Mário? - Josué de repente deu uma cotovelada de leve em seu empregado. - Sinto muito, mas eu ainda sei como se tratar bem um empregado da minha pequena propriedadi... E diga lá homi, que horas é o jogo?

   Eram quase oito da noite e todos na fazenda vieram cumprimentar os dois convidados de uma só vez. Muitos, é claro, de olho no cabrito. Porém como a comida tinha esfriado com a viagem, Mário mandou um de seus homens a esquentarem no forno a lenha para depois todos comerem durante o grande espetáculo da noite.

   A hora mais esperada da festança chegou e o anfitrião subitamente fez um sinal para os sanfoneiros pararem de tocar. Agora todos os convidados se reuniam na grande sala de estar da fazenda para se maravilharem com aquela “caixa mágica” por cima da mesinha de madeira.

   -É um, é dois, é três! - o dono da casa ligou o aparelho e algumas pessoas lacrimejaram os olhos. - Pronto! A magia da T.V agora tá mais pertu di nóis... Tensão, o jogo começou... vai cabra, pega a bola e faz gol!

   -Ô fia... é muita emoção! - Marta, uma convidada que beirava já os 42 anos, falou com os olhos molhados para sua filha Janete.

   -Que coisa maravilhosa! Brigado Mário, istrudia quero repô u convite...

   -E será bem vindo Chico! Que bom que gostou.

   -Já tô uma poça d’água, é muito emocionante!

   -Para com isso Viví... se não o seu Zazá também chora...

   Margarida, a mulher “rival” de Mário quando se tratava de eleição para presidente da Associação de Moradores de Campo, que estava vendo todas aquelas pessoas maravilhadas pela magia daquele objeto, resolveu falar e tentar esclarecer a situação:

   -Pois é. É uma maravilha essas novidades da tecnologia que vêm chegando, estou certa, Mário?

   - ...Sei de ticnologia não, dona. Mas não é a tumada qui eu ponho no buraco e ela liga? Ticnologia, palavra difícil. Sô homi do povo, né não minha gente!?

   -Uai uai uai... Não Mário, ai meu Deus do céu! - Margarida abaixou um pouco o tom de voz. - Marinho, achei que você por ter essa fazenda toda e ainda por cima querer ser presidente da AMC um dia... achei que você sabia que é o satélite que transmite a imagem das T.V's... Arrr meu Santo Bernardo. Não é mágica nenhuma, só pura tecnologia!

   -Apoiado! A patroa é intiligente, ela sabe das coisas. – Alice, a única empregada de Margarida falou ao lado de José, e poucos minutos depois, mais algumas pessoas resolveram também apoiar a atual presidenta.

   -Não... cê tá errada mulher... Tem satélitu coisa ninhuma!

   -Apoiado! É por isso que eu voto em você. – Josué, seguido por muitos convidados que não eram tão bem instruídos e gostavam de criar uma boa polêmica, se levantou e ficou ao lado de Mário.

   -Vírrr sua fidida? O povo tá do meu lado e eu vou falar... se eu digo que não tem satélitu é porque num tem, ora! Ta veno us pos’ti’luz?  Basta um fiapim da coisinha brilhante que passa dentro deles pra gente podê ver a imagi na caixa!   

   -Calma, não se irrita homem de Deus! Mário, Mário? Não creio... um político ilustre como você! Como acha que a coisa brilhante desce pelo cabo de luz?

   -Tu qué sabê di uma coisa. - Mário correu vermelho de raiva para perto da mesa onde ficava a T.V e com um rápido puxão desligou o aparelho.

   -Íííííí gente! A caixa misteriosa apagou pela assombração da vaca! - um senhor de seus 86 anos, que estava mais dormindo do que acordado, exclamou subitamente.

   -Repete, repete na minha cara qui issu é verrrdade! Vai Margarida... bota, põe seu satélitu aí e “rissuscita” a T.V, vai! - Mário olhava como um galo de briga para sua rival enquanto Alice comia os últimos doces da festa. - Ô mia fia, sê não vai pô... eu num deixo... Arrr quekô fiz pra miricê issu, xiiiiiiiiispa! Vai, vaza daqui de casa e... - Mário olhou ao redor de si e seus olhos pararam em cada um que ele achava estar errado a respeito do satélite. - Vão embora daqui cês tudo! Não quero gente qui credida em satélitu mais aqui não! Margarida, tu pode sê a primeira a ir embora... dispois vai você Alice. Tchau Pedro, tchau Ana, tchau Crareti... Tem mais cabritu pro cês não!

   A cena foi quase que um arrastão! Mário começou a expulsar mais de um terço dos convidados.

   -Ninguém vai ver mais jogo coisa ninhuma! Vamo, eu e os meus amigos vamo comer cabritu, não pudému nus misturá kuéssa gentalha!

   E... finalmente o cabrito chegou à mesa de jantar da fazenda, porém só quem não tinha sido expulso conseguiu comê-lo e o causo virou notícia.

 

     Davi Dumont Farace.

            Início: 06/07/2011

               Final: 09/07/2011

sexta-feira, 16 de agosto de 2024

O jardim

 

Nada sei...

    Eu tenho um jardim, mas não posso vê-lo

     Eu tenho uma casa, mas não posso habitá-la

      Tenho eu uma janela, pela qual não posso olhar o amanhecer da alvorada

        Mas graças a Deus tenho você que me ensina a olhar adiante

                   E seguir...

 

  Como a vida pode ser tão bela se olhar da janela

    No íntimo de cada alma humana

   Ou não

      No íntimo de cada coisa, de cada objeto

               Vejo uma alegria que

            Às vezes se renova

             Às vezes cresce

                 Às vezes se compadece.

 

  Acho, não sei

                                             Em meus delírios de eterna alma vagante

   Que muita vida ainda pode ser vivida

 Aqui...         lá..         em qualquer lugar.

 

  Existem ainda muitos heróis na Terra

  Não precisam ter poderes fantásticos como Harry Potter ou Percy Jackson

       Não precisam ter origem no sagrado Monte Olimpo como Hércules e Perseu

  Somente precisam ser mais humanos para com o mundo,

 Pois não quero, não posso e não espero

Que a vida seja feita de ilusão

           Mesmo que alguns tenham que reaprender...

                                         Como se abrem as portas do coração.

 

 Fecho os olhos, tranco a mente, mas abro a alma

     Aquela mesma, de alguém que sonha por mim

            Daquele que posso contar nas batalhas

     Nas derrotas

            Nas ressurreições

        Aquela que nem eu mesmo sei se vou encontrar

        Penso que ela está tão longe

          Não voltará jamais

        

                    E quando beberdes deste cálice eterno

            Dum elixir que não sei se pode ser

               Dum perigoso monstro que você acorda um dia ao alvorecer

          Ou dos anjos da amada Terra que suas assas se partiram

              Verás que tudo o que queres

             Amores, dinheiro, fama, alegrias mil

                                 Muitas pessoas, um dia com certeza vai achar

       

     Não sei, quem sabe, só por um vago momento,

                 Por uma vaga estrada, por um largo caminho

                  Por um instante poético de vaga iluminação

   Talvez naquele último sorriso

          Naquela última vida

                Naquele derradeiro lamento

      Tudo

              Tudo

                      Canso-me de tanto tudo

      Mas um dia sei que posso em ti confiar.

 

             Planto sementes, colho frutos

       Frutos estes que seus perfumes exalam no ar

         Em meio a tanta discórdia

          Tanta desigualdade

              Tanta violência

Ainda colho frutos

 Planto emoções, recebo corações

 De vocês que eu nem sequer conheço

  Mas valorizo o doce som

  Do amor platônico

          Da amizade verdadeira

       Das gotas da chuva...

 

           Podemos abrir de novo a caixa de Pandora

       Renovar a esperança de um dia melhor

          Pois

       Em todas as galáxias, planetas, biomas

         HogwartsAmistérdPasárgada, vasta Terra...

         Existe alguém nos esperando

 

                Eu tenho um jardim

  Onde planto flores de alecrim.

 

                                   Davi Dumont Farace.      23/07/2.010

A primeira crônica.

  A primeira crônica.         — Mas que calor é esse! Será que existe vida após 3.020?      O mês era junho. As folhas caíam... mas a te...