Mito do BBB.
Em uma aula minha de Filosofia no E.M me deparei com o "mito da caverna" do filósofo ateniense Platão (427-347 a.c). Desde criança sempre fui mais tentido às artes abstratas, e resolvi aprofundar-me ao pensamento grego. Ola leitor, que bom rever-te por aqui! Vamos continuar em mais essa viagem.
A alegoria ilustra metaforicamente a tendência à inércia das pessoas, sendo muito mais cômodo permanecerem em uma "caverna" e não questionarem os modelos impostos pela própria época. De acordo (pois "tudo têm que ser de acordo", já diziam os antigos) com esse comportamento humano, elas muito provavelmente podem acostumar-se com as sombras projetadas nas "pedras da gruta", que logo não conseguem observar, e criticar, o que lhes é passado. Pensem comigo: A verdadeira realidade pode estar para além do que pensam ver, ora pois pois. Caso isso seja verdade, com o mundo real e seus acasos ratificando essa hipótese, permanecem cômodas e assim não evoluem o pensamento crítico.
No mundo moderno, a televisão é uma das mídias
que, gradativamente à meu ver, pode ser comparada com a alegoria platônica.
Ela, infelizmente, dita as normas para o povo seguir e pode remodelar o
conceito de uma pessoa sobre algum fato. Através das novelas, por exemplo, pode-se
passar outro conceito de beleza, saúde e vida fácil.
Esse parágrafo, bem
como todo o texto, o escrevi pratrazmente à 2010, aos 15-17 anos, acho. A T.V e
o que nos é passado mudou e contribuímos também para essa mudança. Nos tempos
de minha mocidade as madames acordavam mais fake
sem rugas nem cabelo esgadanhado, os problemas eram todos resolvidos com
casamentos e havia uma distinção clara de mocinho e vilão. Hoje, produções já
estão mudando isso; mas como somos pessoas, há muito mais a ser feito.
Relembrar-nos de textos como esse é bom para ver nossa evolução e não cairmos
mais em fake news. Então, vamos
continuar...
Um dos programas de maior audiência, o Big
Brother Brasil, reúne um tantão de participantes em uma casa de luxo, onde eles
podem ficar no máximo três meses, participando de provas e entretendo a
população brasileira com brincadeiras e coisas do gênero. A ideia do programa é
boa e é sim interessante. Pessoas são únicas e engraçadas por si só, e só isso
resultaria em uma grande peripécia televisiva. Mas, e esse "mas" é agravado
ao dinheiro que movimenta o programa (uma esbanjação sem precedentes onde
parece que todo mundo tem tudo, ainda mais aqui no Brasil), não contávamos com
as astúcias da audiência e nem das câmeras, que comparativamente essas lentes
tornam-se como paredes de gruta, de uma excêntrica e vasta caverna 4K onde é
quase impossível de resistir.
E o que fez a
audiência? Vimos o prêmio dessa edição aumentar, novamente sem precedentes,
como algo até bom para o beneficiado (que quem dera não fosse este apenas o mesmo
nome do autor, kkk). Mas também... uma fake
news sem precedentes levando-se em consideração o poder aquisitivo de
maioria dos brasileiros. Bota pra girar o capitalismo!
Como o prêmio em 2010 era de um milhão e meio de reais, as
pessoas confinadas podem muito ter mudado o próprio jeito de ser, pensar e agir,
para assim, conseguirem um lugar na final. O público todas as noites dava
aquela famosa "espiadinha" para ver e posteriormente votar no(a)
favorito(a) para ser o(a) novo(a) milionário(a) do Brasil. Com as apimentadas
discussões e brigas na casa, um tantão de gente que consumia (e ainda consome
BBB) tomava (toma) partido, vota, julga, condena e até se banaliza com imagens
que podem ser ou não verdadeiras, metaforizando as "sombras do real".
As reações dos participantes, que banalizavam
as relações inter-pessoais, repercutiam no público de uma maneira que podiam se
comprometer valores éticos, morais, sociais e culturais construídos ao longo do
tempo pela sociedade. Mas, a gente gostava de ver o quê? Barraco, briga e
discussão (desde que não fosse comigo... ahhh, eu gostava mesmo).
Mais de 20 anos de BBB
também dá um interessante estudo antropológico, não? Até mesmo nessa
pornochanchada, há coisas boas e coisas ruins, como tudo o que é humano.
Só para finalizar,
agora em fonte Arial 14 como se estivéssemos de volta ao passado, não gosto de
assistir ao programa às segundas-feiras. Agora, a fim de sermos mais
politicamente corretos, as brigas e desferidas de socos e pontapés condensam-se
em um único dia. Ou melhor, em uma única noite, já batizada de
"sincerão" (que, a depender da audiência e dos conflitos da semana, a
discussão pode render horas a fio... e... o pobre que precisa trabalhar no dia
seguinte e pagar suas contas...). Ora pois pois, rebatizo o
"sincerão" de "desferidas de socos e pontapés" porque
enxergo as palavras maledicentes igualmente como agressão e, logo, que deveriam
ser proibidas pela produção. Mas, em vez disso, um leve tapinha de bêbado
depois de uma festa é motivo fake news
para expulsão!
Mas,
ano que vem, em 2025, estaremos assistindo; alguns com, outros sem critério;
mas estaremos assistindo. Volto a ousar e dizer que a iniciativa para a atração
parece ser boa e interessante; mas, igual ao "Mundo das Ideias e o Mundo
dos Sentidos" (outra filosofia de meu amigo Platão), até o BBB parece ter
uma forma que ao programa é excelente. Mas isso é uma história para um outro
dia e nessa caverna receio que ainda não se avizinhe a saída. Quais novas
sombras veremos nesse novo formato de inscrição em dupla?
Davi Dumont Farace * março de 2010
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